quarta-feira, 5 de maio de 2010

Inspiração !

Inspiração !

Processo.

Narração jornalística

Todos os dias o pai vem-me acordar e diz:
- ‘’Vamos Sofia toca a levantar!’’
O pai é arquitecto. Passa os dias a desenhar plantas de casas. A mãe é contabilista, tem sempre muito trabalho, passa o dia a fazer contas de somar e subtrair.
Eu e a minha irmã Alice temos que nos apressar, tomámos o pequeno-almoço com os avós, eles moram perto da escola e ficámos em casa deles.
Todas as manhãs, o avô e a avó esperam por nós à entrada da porta. A avó é engraçada, está sempre de chinelos e chapéu e com a sua mala na mão. O avô é grande e forte como o pai, só que é mais velho.
A avó não é como as outras avós. Por vezes veste-se de uma forma estranha, outras vezes conta dez vezes a mesma história sem se dar conta disso. Tudo isto acontece porque ela está doente. A avó tem a doença de Alzheimer.
O avô explicou-nos que a doença de Alzheimer é uma doença do cérebro. O cérebro da avó já não funciona bem, esquece-se das coisas que faz, esquece-se dos nomes das pessoas e nós ajudámo-la a repetir com calma. Damos o nosso melhor.
Com o passar do tempo a avó vai-se esquecer cada vez mais, porque a doença evolui, ou seja, a avó ficará com menos capacidade de memorizar informações e de se lembrar das mesmas. Os médicos ainda não descobriram uma forma de curar esta doença.
O ‘’Cuco’’ é o relógio novo do avô.
O avô comprou este relógio para a ajudar a avó a lembrar-se das horas. Pouco a pouco a avó foi-se esquecendo cada vez mais, e não sabe muito bem a hora que é, nem do que tem que fazer. Então este passarinho ao cantar ‘’Cuco’’ lembra à avó o tempo que vai passando.
A Alice começou a ter comportamentos estranhos perante a avó, deixou de se sentar perto dela, pois tinha medo de ficar com a doença. Ela não dizia nada, mas o avô notou o seu comportamento e explicou-lhe:
- ‘’Alice quero que saibas que a doença de Alzheimer não é uma doença contagiosa. Tu podes tocar na avó, podes beber pelo copo dela, podes comer o mesmo doce que ela, que não ficas com a doença. Só as pessoas crescidas é que a podem ter, as crianças não.
A partir daí, a Alice não teve mais medo.
Quando estamos em casa dos avós, a avó repete vezes sem conta a mesma pergunta:
- ‘’Meninos já comeram? Meninos já comeram? Meninos já comeram?’’
Nós respondemos que sim, mas ela continua a repetir. Devido à doença, a avó esquece-se do que disse de um momento para o outro. A avó não faz de propósito, nem sequer dá conta.
Quando a avó fica assim, o avô vai para a sala, e juntos vêem um álbum de fotografias dizendo os nomes das pessoas em cada foto.
Às vezes a avó não presta atenção às pessoas que a rodeiam, fica em pé e põe-se a andar à volta da mesa, como se nós não estivéssemos ali.
- ‘’É como se ela estivesse noutro mundo’’ – diz-nos o avô.
Desde que a avó está doente é-lhe difícil encontrar os caminhos para chegar onde quer. Perde-se na rua onde mora, fica sem saber como voltar para casa e depois irrita-se e é desagradável com as pessoas. Antes, a avó não era assim, era uma pessoa calma, educada e simpática. A doença de Alzheimer tornou-a diferente. A avó não se dá conta que mudou, não percebe que se irrita sem razão. A culpa não é dela, é da doença. Para ela não é fácil e para nós também se torna complicado.
Tal como a avó se perde no caminho para casa, também se perde dentro da mesma. Deixou de saber onde fica a cozinha, a sala, a casa de banho… nós ajudámo-la a encontrar o caminho, mas o avô teve uma ideia brilhante, colocar etiquetas para a ajudar a lembrar-se das divisões da casa, bem como o local onde as coisas estão arrumadas. Assim basta ler para saber o que dizem as etiquetas.
Por causa da doença a avó esqueceu-se da forma como se deve vestir. Dantes, ela vestia-se sozinha, ficava estranhíssima, vestia três camisolas, umas por cima das outras e não vestia calças nem saia. Outras vezes vestia uma saia por baixo das calças. Mesmo quando fazia muito calor vestia sempre camisolas de lã grossa.
Agora nós ajudamos a avó a vestir-se, escolhemos a roupa e lembramos-lhe como se deve vestir. Assim a avó está sempre bonita!
Com a higiene passa-se o mesmo. Nós lembrámos a avó que se deve lavar para que esteja sempre limpa, ajudamo-la, vemos se a água está muito quente, senão pode-se queimar, colocámos pasta dos dentes na sua escova, para que ela não se engane e use o champô em vez da pasta.
Através de muitas pesquisas na internet, descobri que a maioria das pessoas não tem a doença de Alzheimer. São só algumas pessoas de idade que têm esta doença. Os médicos não sabem porque que a avó tem esta doença. Eles investigam muito para compreender, mas ainda não descobriram uma forma de a tratar, ou seja ainda não encontraram a cura.
Um dia na escola, o meu melhor amigo perguntou-me como é que sabemos que uma pessoa tem Alzheimer…
Eu expliquei-lhe que no início a pessoa que tem a doença, tem problemas de memória, esquece-se de algumas coisas. Não podemos afirmar logo que a pessoa tem a doença de Alzheimer, pois todos nós nos esquecemos das chaves de casa e isso não quer dizer que estejamos doentes. Quando a pessoa realmente tem a doença de Alzheimer, com o tempo a pessoa começa a esquecer-se de coisas importantes, como por exemplo o uso de garfo e faca para comer a carne. Expliquei-lhe que já não é normal este esquecimento. Aos poucos e poucos, a pessoa vai ficando diferente, fica agressivo, chora sem razão. Com o passar do tempo o corpo também muda, a pessoa fica mais magra, tem dificuldades em andar…
Um dia, chegámos a casa dos avós, e estava lá o médico, o mesmo que nos disse que a avó tinha a doença. Sentamo-nos perto dele e ele disse que o avô não poderia tomar mais conta da avó sozinho. Que precisava de ajuda.
Como já tinha pesquisado, interrompi o médico e disse:
- Avô temos várias hipóteses. Tens o serviço de apoio domiciliário, quer dizer que todos os dias vem uma pessoa tratar da avó, ajuda-a a levantar-se, a lavar-se, a vestir-se…
Ou então, um centro de dia. O centro recebe pessoas com problemas de memória, mas só durante o dia. E à noite voltam todos para casa. Lá a avó iria divertir-se, porque fazem imensas tarefas, tais como: cozinhar, dançar… ao fim da tarde avô, a avó já estaria contigo.
O avô concordou. Disse que realmente era muito cansativo e que por causa da doença deixara a jardinagem que ele gostava tanto.
E assim se resolveu, o avô voltara às suas actividades, a avó foi para o centro de dia e ao fim do dia voltava para casa. Para ela era como se nunca saísse de casa.

Sinopse

A síndrome de Alzheimer é uma das doenças mais comuns nos dias de hoje, que deve ser considerada uma prioridade da saúde pública e de política social.
Perda de memória, desorientação espacial e temporal, confusão e problemas de raciocínio e pensamento, são alguns sintomas da doença que tem afectado milhares de pessoas. A idade continua a constituir o maior factor de risco para a doença de Alzheimer, apesar de não ser a causadora da mesma.

Storyline

Imagine que o Síndrome de Alzheimer atinge, a sua vida e as suas memórias já não fazem mais parte de si, está incapaz de relembrar quem é, o que faz e o seu propósito no mundo.
Reflicta, “Hoje eles, amanhã nós!”.

Ideia

Síndrome de Alzheimer, a dor e o sofrimento das pessoas que convivem diariamente com esta doença.

Projecto de vídeo


Querida avózinha aborda a síndrome de Alzheimer.
Para uma melhor explicação sobre o tema, decidi contactar a Delegação do Norte de Alzheimer, que existe em Portugal desde 1999, instalada em Vila Nova de Gaia.
Nela, pude encontrar o Presidente de Delegação do Norte, António Proença e uma psicóloga, Marta Faustino que nos ajudaram a compreender melhor esta doença, o apoio que esta instituição presta e, sobretudo, visualizar alguns pacientes.
Para mostrar a vertente dos dois lados, foi decidido também entrevistar uma enfermeira, que acompanha o dia-a-dia de um senhor com Alzheimer.



http://www.alzheimerportugal.org/scid/webAZprt/

Fundamentação do projecto

A síndrome de Alzheimer é uma doença que atinge principalmente os idosos, prejudicando a sua vida e dificultando a vida de quem os rodeia.
Existe uma grande necessidade de alertar as pessoas para esta doença, visto que não damos a devida importância e dedicação como devíamos.
A motivação deste projecto é trabalhar com idosos, atendendo às suas necessidades, e sobretudo não ignorar quem mais precisa de ajuda.